segunda-feira, 23 de março de 2009

Capítulo Seis - Dois sorrisos e meia palavra

As duas últimas aulas passaram excessivamente rápidas. Marina nem teve tempo de conversar com Lucas de novo. Quando ela estava saindo do colégio, no meio de toda aquela multidão (que mais parecia um formigueiro, de tanta gente que tinha no Colégio Dom Bosco), Lucas passou por ela, mas não a acompanhou como da última vez, apenas fez um sinal de ‘tchau’ com a mão, e foi para o lado contrário ao que Nina seguia.

Pelo menos, eles haviam conversado. Mesmo que por um breve momento, já valeu. Ouvir a voz dele, estar tão perto. Apaixonada. Nina não queria acreditar, mas estava apaixonada por Lucas. Ela não queria isso pra si mesma, nunca mais. Sabia que era apenas mais um jeito de sofrer, seus antigos “amores” já haviam lhe provado isso, mas seu coração teimava em aprender a lição. Dessa vez poderia ser diferente, quem sabe ele também não estava sentindo o mesmo? Como ela poderia descobrir se não tentando? Foram muitas as perguntas que sugiram na mente de Marina, mas ela já não tinha outra opção se não tentar. Se apaixonar por ele não era uma coisa na qual ela pudesse opinar, a sua mente dizia “Não, você vai se iludir, vai acreditar que é real, mas não é, você só vai sofrer...”, enquanto seu coração gritava “Ame! Dessa vez é diferente, vai ser recíproco, ele também vai te amar, vocês vão viver felizes juntos..”. Ela queria ouvir sua mente, mas seu coração falou mais alto, e ela não teve como evitar. Não era mais a força da gravidade que a mantinha na Terra, era Lucas.

Seus dias se resumiam em uma única palavra: Lucas. Ela acordava cedo pra ir ao colégio não pelo fato de estudar, mas porque sabia que ele estaria lá. Começou a ir à casa de uma tia, que ficava próxima a onde Lucas havia dito que morava, com mais frequência não por estar com saudade ou algo do gênero, mas por saber que poderia encontrá-lo. Tudo isso acontecia inconscientemente dentro dela.

Já se contava pouco mais de um mês desde o início das aulas, e em tão pouco tempo tanta coisa já havia acontecido. Nina já havia feito novas amizades, como Ana, com quem ela raramente conversava e Patrícia, que ao contrário de Ana, estava sempre junto dela. Ela também havia começado a conversar com outras meninas que ficavam perto dela, como Fernanda e Mily. Marina nunca foi tão sociável em tão pouco tempo, isso estava sendo bom pra ela. Mas ainda assim, com quem mais Nina conversava era Patrícia.

No colégio, a cada dia Nina tinha mais contato com Lucas, eles sempre davam um jeito de se falar, nem que fosse só um “oi”. Como Lucas havia prometido que ensinaria Nina a tocar guitarra, ela começou a chamá-lo de “Meu Professor”, que foi uma tentativa, digamos, discreta, dela se referir a ele, carinhosamente. Ela começou a chamá-lo assim diariamente, todas as vezes que o via.

- Oi meu professor! – saudou Nina, quando estava na porta de sua sala enquanto Raquel, a professora de matemática não chegava, e Lucas passou pela porta.

- Oi minha aluna! – respondeu Lucas, igualmente a Nina. Desde quando Nina começou a chamá-lo “Meu Professor”, ele começou a chamá-la de “Minha Aluna”. Nina simplesmente adorava quando ele falava assim com ela. O diálogo acabou ali, ele entrando na sala e indo para o lugar, e Nina permanecendo na porta. A professora não demorou muito mais a chegar, e a aula logo começou.

As três primeiras aulas do dia passaram rápidas. Lucas estava no seu modo, hm, normal. Ele estava falante como sempre era quando não estava estranho, e brincalhão, extrovertido... Enfim, do melhor jeito que poderia estar. E Nina aproveitou para usar o bom humor dele a seu favor. Durante o intervalo, enquanto ela e Patrícia zanzavam pelo pátio do colégio, dando voltas e voltas pelos corredores, encontraram muitas vezes Lucas, dessa vez também andando, só que no sentido contrário, e a cada encontro, as reações eram as mesmas: um sorriso trocado, uma frase pronunciada em silêncio por cada um, “Meu Professor”, “Minha Aluna”.

Até esse ponto, o que Marina sentia por Lucas era o modelo perfeito de um amor de colegial. Se não tivesse praticamente escrito na testa dela, em letras grandes e luminosas, que ela estava apaixonada por ele, poderia se dizer que era um amor platônico, pois, na mente dela, ninguém sabia.

Quando voltaram para a sala, para enfrentar as duas últimas e mais compridas aulas, nesse dia, conjugadas e de Português, (o que só não era uma grande tortura pelo fato de a professora Ge, como gostava de ser chamada, ser muito atenciosa e brincalhona com os alunos), Lucas e Marina entraram juntos na sala, por acaso. As risadas que saíram desse encontro ocasional seriam contagiantes, não fosse o grande barulho de conversas de todos os tipos que tomava conta da sala naquele momento.

Depois de uma longa hora (e mais vinte minutos!) de aula, o sinal que anunciava o término das aulas, por aquele dia, tocou, Nina estava arrumando suas coisas na sua mochila, quando viu que alguém parou em frente a sua mesa. Ela subiu o olhar lenta e gradativamente, até encontrar o rosto de Lucas. A essas alturas da história, não preciso nem dizer que o sorriso que Lucas estampava em seu rosto era deslumbrante, preciso? Creio que não. Enfim, quando Nina viu aquele sorriso indescritível, demorou mais que o necessário para ter alguma reação (afinal, até ela se lembrar de respirar, já haviam se passado uns quatro ou cinco segundos), e a única coisa que conseguiu fazer, foi tentar retribuir. Ela se levantou, e ele disse:

- Posso ir com você hoje?

- Claro! – por mais que houvesse tentado, não conseguiu esconder a empolgação na sua voz.

Eles saíram juntos da sala, mas no meio da multidão de alunos, se distanciaram. Melissa, amiga de Marina, se aproximou dela, e foi conversando com ela algo em que ela não prestava atenção. Marina estava procurando Lucas, ele havia sumido do seu campo de visão. “Calma, ele falou que ia comigo, ele já aparece.” pensou ela. Melissa acompanhou Marina até um pouco pra fora do colégio, onde a multidão já se dispersava. Com uma visão mais ampla, Marina conseguiu encontrar Lucas, parecia que ele estava procurando alguém. Talvez ela? Melissa chamou Marina e as duas começaram a caminhar em direção às suas casas. Elas estavam indo pela rua, e quando Marina olhou para a calçada, viu Lucas, caminhando paralelamente a elas. Ele a olhou, e fez uma expressão, como se quisesse dizer: “Não vai vir comigo?”, e Marina o respondeu olhando para Melissa. Melissa pareceu entender o que estava acontecendo, e disse para ela ir com ele. E foi o que ela fez.

Marina se aproximou de Lucas, caminhando juntos agora.

- Ela precisava falar comigo. – disse ela, como que se explicando.

- Não, tudo bem.

- Então, “Meu Professor”, minhas aulas nada, né?

- Calma, ainda tem tempo. – ele sorriu.

- É bom mesmo! – Nina brincou.

De repente, o assunto já não era mais guitarra, era mais um questionário de conhecimento. Isso foi bom, informações sobre ele seriam úteis a ela.

- Onde você mora? – Lucas perguntou.

- Aqui nessa rua de trás, nos prédios. – ela respondeu. – e você?

- Lá perto da avenida. – e apontou no sentido contrário ao que estava indo.

- Mas, se você mora pra lá, por que tá vindo por aqui? – perguntou Nina, estranhando.

- Não, dá pra vir por aqui também, a distância é quase a mesma, e eu queria ir com você. – Lucas disse sorrindo.

- Hum... – “Tá... né!”, Marina pensou.

- Então, quantos anos você tem?

- Eu tenho quatorze. E você? – Marina fazia das perguntas dele, suas próprias perguntas.

- Eu vou fazer dezessete.

- Legal. – ela realmente não sabia o que falar, nem ao menos sabia como estava conseguindo responder àquelas perguntas e respirando ao mesmo tempo.

- O quê que você faz lá pelos lados do mercadinho?

- Eu vou buscar minha irmã na creche que tem ali perto.

- Você tem uma irmãzinha?

- Aham.

- Meu irmão também fica ali. De vez em quando.

- Nunca te vi por lá.

- Eu quase não vou buscar ele... Mas, o quê que você faz, de tarde?

- Nada!

- Nossa, que beleza!

O diálogo estava fluindo normalmente, com assuntos variáveis, mas o caminho estava acabando, era a hora de se despedir. Eles haviam parado onde cada um teria que ir para um lado, e continuaram conversando um pouco.

- Bom, tenho que ir embora. – Marina disse, querendo não dizer, mas realmente precisava ir.

- Então tá né. – ele colocou uma mão atrás do pescoço dela, puxando o rosto dela de encontro ao dele. Marina parou de respirar. Ela não conseguia acreditar que ele estava fazendo aquilo. Ela era uma menina muito tímida, e ao se dar conta de que estava parada no meio da calçada, após a saída do colégio, com muita gente na rua, se afastou. Ela estava nervosa, e seu corpo pareceu reagir, suas mãos estavam frias e trêmulas. Ele pareceu não entender.

- O que foi? Não quer? – disse Lucas confuso.

- Todo mundo. Olhando. – ela disse pausadamente, com uma expressão de “não sei”.

Lucas olhou em volta, viu todas as pessoas que estavam ao redor, que não eram poucas, e disse:

- Não tem ninguém olhando. – sorriu e a beijou.

O mundo parou de girar. Naquele instante só existia Lucas e Marina. Um momento que podia durar pra sempre. Todos os sentimentos inconscientes de Marina por Lucas tornaram-se conscientes. Ela soube naquele instante, que não teria mais escolhas. Sua promessa estava quebrada. Ela o amava.



"Gente, eu sei que disse que postaria sábado, mas meu fim de semana não foi dos melhores, então mil desculpas. Aproveitem bem esse capítulo, porque ele é o mais próximo do lado bonito da história. [/brincadeira][/mentira]. Enfim, não sei quandovou postar o próximo, mas creio que vou demorar um pouquinho. Comentem, deem suas opiniões, é muito importante pra mim. Obrigada! Beijos!"


- Memórias de um passado que não é real. ♫

quarta-feira, 18 de março de 2009

Capítulo Cinco - Estranho

Lucas passou por ela como se nem a conhecesse, e foi para o seu lugar. Marina estava achando cada vez mais estranhas as atitudes dele, e ainda assim, estava cada vez mais encantada. Ela estava, notavelmente, mais feliz, depois da chegada de Lucas, e estava concentrada em cada passo que ele dava, cada palavra que ele pronunciava, cada respiração dele... Era como ela tivesse desligado todas as pessoas ao seu redor, e deixado apenas Lucas.

Ele sempre falava muito, e naquele dia estava incrivelmente quieto, quase como se não estivesse ali. Não parecia o mesmo garoto que Nina havia conhecido algumas semanas atrás. Lucas não só era diferente, como estava diferente, melhor dizendo, indiferente. E essa indiferença estava o afastando de Nina. E isso era uma coisa que ela não podia deixar acontecer. Ela, inconscientemente, já havia se tornado dependente da presença dele, era quase física a dor que sentia quando ele não estava por perto. Mas até então, essa era uma situação reversível, ela se sentia melhor quando ele estava por perto, e dessa vez, a indiferença de Lucas a machucou. Um simples sorriso dele, (Eu disse simples? Vindo dele, definitivamente nada era simples!) faria do dia de Marina, um dia perfeito. Mas não aconteceu.

- Marina! – chamou Patrícia, e ela não respondeu. – Marina???

- Ah, oi. O quê? – respondeu Nina, saindo de seus pensamentos.

- Viu quem chegou ai? – perguntou Patrícia, cutucando Marina e direcionando o olhar para o fundo da sala, mais precisamente, para Lucas.

- Quem? – respondeu Marina, como se não soubesse do que ela estava falando.

- Vai ficar se fazendo agora? Acha que eu não vi vocês indo embora juntos ontem? Me conta... – disse Patrícia, curiosa.

- Ah, o Lucas.

- Eu vi você toda felizinha agora que ele chegou, nem tente disfarçar.

- Ai, Paty, nada haver.... – Marina ficou envergonhada.

- Então, o quê que vocês conversaram? Conta menina!

- Nada de mais. Ele tava me falando de guitarra e violão, e sei lá mais o que. Só isso. – Nina tentou parecer desinteressada. – Ele é bem legal.

- É, é sim. Só?

- Tipo, eu vi ele de tarde. Tava indo buscar a Renata, daí ele passou por mim. Ele tava estranho, nem falou comigo direito.

- Nem ligue, ele é assim mesmo.

- Huumm... Depois eu falo com ele.

- Nem quer arranjar motivo pra ir falar com ele, né? – perguntou Patrícia, debochando.

- Pára Paty! Não começa...

Patrícia adorava provocar Nina, se divertia bastante fazendo isso. Mas ali, naquele momento, Nina sabia que ela estava falando a verdade. Ela precisava de um motivo pra falar com Lucas. Ou não. As pessoas costumam cumprimentar umas às outras, não? Pois foi isso que ela fez. Ela precisava falar com ele. Ele não poderia ficar indiferente com ela falando com ele, seria muita grosseria da parte dele, e sem motivo algum. Então Marina esperou até que tocasse o sinal, e enquanto o próximo professor não chegava à sala, ela se dirigiu até onde Lucas estava. – Respiração, foco.

- Oi Lucas!

- Ah, oi Marina. – respondeu ele, levantando a cabeça da mesa onde estava debruçado.

- Tá quietinho hoje?

- É... To com sono.

- Hum, que feio, chegando atrasado! – brincou Marina.

- Tive que sair antes de vir pro colégio. – ele deu um sorriso sem graça.

Nina não queria parecer intrometida, então mudou a direção da conversa:

- Então, te vi ontem na rua. Você mora ali por perto? – a resposta que ela tanto esperou estava por vir.

- Me viu? Onde? – ele parecia confuso.

- Perto daquele mercadinho... – como assim, ele não a viu? Ele disse “oi”. Estranho.

- Não me lembro de ter te visto... – ele pensou enquanto respondia – Mas moro por ali sim!

- Mas... – ela ia continuar perguntando, mas preferiu deixar quieto, estava muito confusa com a resposta dele – esquece! Então, e as minhas aulas?

- Ainda estou meio sem tempo, mas garanto que você será a primeira a saber quando eu tiver mais livre. – Lucas respondeu, com um sorriso torto. Lindo. Indescritível.

- Bom saber! – Nina tentou, sem sucesso, retribuir com um sorriso à altura. – Deixa eu ir pra lá, que a professora já está na sala.

- Até depois então. – Aquele sorriso de novo? Respira Nina.

- Tchau...

Ela estava confusa, feliz e deslumbrada. Confusa porque ele não deu as respostas que ela precisava, feliz porque ele deu atenção a ela e, deslumbrada com o sorriso dele.

A aula passou rápido, era Matemática, uma matéria que Nina tinha bastante facilidade. Tocou o sinal do intervalo, Nina e Patrícia saíram juntas, como sempre faziam.

- Bonito você e o Lucas conversando no fundo da sala! – provocou Patrícia.

- Já vai começar Paty? – disse Nina tentando fugir do assunto.

- Fala, não tem problema, eu sei que você tem uma quedinha por ele.

- Não, nada haver, só fui dar oi pra ele, normal. – mentiu Nina. A essas alturas do campeonato, não era só uma “quedinha” que Nina tinha por Lucas, já podia se considerar um “tombo”! Mas ela não queria dizer isso agora para Patrícia.

- Sei, sei. Vou fingir que acreditei.

-Patrícia! Pára! Eu e ele somos só amigos, aliás, nem sei se somos amigos... – “infelizmente”, completou ela mentalmente.

Elas foram andar como costumavam fazer durante todo o intervalo. Coincidência ou não, Lucas estava parado em um lugar por onde elas passavam o que fez com que Marina o visse durante todo o intervalo. Ela adorou, obviamente, e das várias vezes que passou por ele, trocaram sorrisos. Ela com seu sorriso abobado e sem graça, ele com aquele sorriso que a fazia esquecer o porquê de ter pulmões. Era o mesmo Lucas por quem ela havia se encantado, a indiferença havia sumido, se é que ela um dia existiu, poderia ser apenas o sono dele ou paranóia dela, mas ela ainda estava confusa: como ele não lembrava que a viu na rua? Estranho...



"Muito Obrigada a quem está lendo e acompanhando a minha história. Desculpe a demora pra postar e o tamanho extremamente pequeno desse capítulo. (!) Assim, não tinha como estender mais! O próximo capítulo dever vir lá por sábado... Não deixem de comentar, expor suas opiniões, isso é muito importante pra mim. Enfim, até sábado! Beijos amores.... Obrigada!"


- Memórias de um passado que não é real. (♫)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Capítulo Quatro - Foto

Naquele mesmo dia, enquanto Marina via o seu Orkut, ela começou a procurar Lucas nos perfis de alguns conhecidos dela que poderiam ter ele. Ela encontrou várias pessoas da sua sala, mas Lucas não. Não era possível que ele não tivesse Orkut! Ela não desistiu. Até que, vendo as fotos de um menino da sua sala, ela encontrou uma foto que tinha o Lucas. Nina imediatamente salvou-a. Na foto, aparecia Lucas, Luis (era esse o nome do menino com quem Lucas havia entrado na sala no primeiro dia de aula) que era o dono do perfil que Marina achara, e mais dois meninos que ela não conhecia. Uma vez salva a foto, Marina cortou os outros garotos da foto, deixando apenas Lucas, o único que lhe interessava. Ela passou boa parte da tarde olhando a foto, onde Lucas estava vestindo uma blusa de moletom clara, um boné preto, estava sorrindo e segurava um celular na mão, e antes de Nina cortar a foto, ele estava apoiado em um amigo.

- Pelo menos, agora eu tenho uma foto dele. – pensou ela.

Já era tarde e Marina precisava buscar sua irmã. Ela trocou de roupa, colocando um “jeans e camiseta” básico, e um casaco. O caminho que ela fazia para ir para a creche, era o mesmo que Lucas havia apontado pela manhã. Ela passou por ali se lembrando da imagem de Lucas ali, naquele mesmo lugar, pensando em onde ele morava, em onde ele estaria naquele exato momento, o que estaria fazendo, se estaria pensando nela tanto quanto ela esteve pensando nele nos últimos dias.

Nina estava tão distraída que, ao virar a esquina, se assustou.

- Não acredito! – balbuciou ela, se calando em seguida, ao lembrar que estava andando sozinha na rua. Às vezes Marina andava tão concentrada em seus pensamentos, que até pensava alto demais, se pegando falando sozinha no meio da rua. Essa fora uma dessas vezes. Estaria ela ficando louca? Tendo alucinações? Ou será que era mesmo real? Ele estava ali mesmo, indo na sua direção? Ela não conseguia parar as perguntas em sua cabeça, mas não tirava os olhos da imagem de Lucas que crescia a cada passo, onde ficava cada vez mais próximo. Ela só foi se dar conta que era mesmo ele quando ele passou por ela e a cumprimentou com um simples “Oi” e continuou andando.

Marina ficou realmente confusa. Como assim, “Oi” e continuou andando? Onde estava toda a simpatia com que ele falou com ela pela manhã? Será que ele estava com algum problema? Definitivamente, não era o mesmo garoto que foi tão querido, tão atencioso com ela pela manhã. Essa atitude a deixou, além de confusa, preocupada. Poderia estar acontecendo alguma coisa... Mas que seja, o que ela tinha haver com isso? Ela acabara de conhecê-lo, não tinha nada que estar se metendo na vida dele. Talvez ele simplesmente não se lembrasse de onde a conhecia. Quantas vezes ela já agiu assim com alguém, por lembrar que conhecia e não saber da onde? Era tão normal situações como essa.

- Esquece Marina, es-que-ce! – pensou ela. Mas não conseguiu cumprir.

Mais tarde em sua casa, Marina ficou tentando entender o que havia acontecido, mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Ela poderia aproveitar que agora estava “conversando” com Lucas, e perguntar pra ele no dia seguinte. Mas, esperar até amanhã pra falar com ele de novo? Nina resolveu que não, e voltou para a Internet, procurar o suposto perfil de Lucas. Procurou por horas, página por página de cada pessoa que ela sabia que ele tinha algum contato, e nada. Por fim, acabou apenas admirando a foto dele que encontrara. Ele era diferente.

No dia seguinte, Nina estava muito ansiosa para chegar logo ao colégio e poder ver Lucas. Ela acordou mais cedo que o necessário, antes que sua mãe viesse lhe acordar, e se apressou em se arrumar. Antes das sete horas da manhã ela e sua irmã já estavam prontas pra sair. Marina deixou sua irmã na creche e seguiu seu caminho para a escola, imaginando ao olhar para cada casa que passava que esta poderia ser a casa de Lucas.

Quando Marina chegou ao colégio ainda era muito cedo e a escola estava quase vazia, o que significava que ela teria tempo de pensar em como comentar com Lucas a situação do dia anterior, sem parecer interessada demais ou paranóica demais. À medida que o tempo passava a escola começava a ficar cheia, e Marina ainda não sabia como chegar ao ponto em que queria com Lucas. Patrícia, agora já considerada sua amiga, chegou e foi conversar com Nina. Isso a distraiu do seu foco inicial, e foi bom, pois ela pôde pensar em outra coisa que não fosse Lucas. Não demorou muito e Mily se juntou a elas. Quando Marina deu por si, o sinal já havia tocado e Lucas ainda não havia chego. Ela ficou desapontada e foi para a sua sala.

A primeira aula daquele dia foi Química, com a professora Eva. Aquele era o tipo de aula que ela não queria ter naquele momento. Sempre muitas explicações, leituras e poucas cópias do quadro. Tudo que Marina queria agora era um bom texto pra copiar, pois assim poderia controlar um pouco seus pensamentos. Ela adorava escrever, principalmente quando estava nervosa. Ouvir sobre tabelas periódicas e seus elementos químicos, definitivamente, não estava nos seus planos. E como havia imaginado, a aula demorou muito a passar. Com Lucas por perto, as aulas pareciam ser bem mais curtas para Marina. E agora que ele não estava na sala, ela se sentia incompleta. Por mais que as suas amigas estivessem ali ao seu lado, ela sentia que faltava uma parte.

Apesar de quase sempre a atenção e concentração de Marina estar voltada somente para Lucas, ela era uma boa aluna. Não precisava ouvir duas vezes uma explicação para entender o que estava sendo passado. Os professores gostavam muito dela como aluna. Ela sempre foi uma das melhores da turma.

Quase no final dessa primeira aula, Nina “acordou”. Ela havia passado a aula inteira quase que dormindo, e pensando no que não é difícil adivinhar: Lucas. Um pouco antes de bater o sinal para a segunda aula, ela se animou como se tivesse sido despertada de um transe. O motivo dessa animação repentina estava por chegar. Assim que o sinal tocou, e a professora deixou a sala, Lucas entrou, iluminando a expressão de Marina, como se fosse o sol. Ela estava completa. O sol, o seu sol, que estava encoberto, acabara de aparecer. Um sorriso discreto, mas de satisfação tomou conta do seu rosto ao olhar para a face um tanto quanto misteriosa de Lucas.

- Ele veio. – sussurrou ela pra si mesma. Era a hora de perguntar o que havia acontecido ontem.


***UPDATE***


"Vou começar a postar uma previsão da saida do proximo capítulo, a cada final. O capítulo 5 provávelmente virá amanhã. Estou um pouco sem tempo, mas vou tentar manter uma frequência. Obrigada às meninas que estão lendo, comentando e principalmente gostando da minha história. Sério mesmo, agradeço de coração. Enfim, até amanhã amores! Ou quem sabe hoje ainda??? ;)"

sábado, 7 de março de 2009

Capítulo Três - Contato

Marina ficou com vergonha de ir falar com ele, os dias se passavam e nada. Cerca de um pouco mais ou um pouco menos de uma semana depois que ela descobriu que ele tocava violão, ela se esbarrou nele, acidentalmente. A situação foi mais ou menos assim: Marina e Ana achavam um menino super bonitinho, de outra sala, e quando Nina estava entrando na sala, o tal garoto passou por ela, e ela saiu correndo pra contar pra Ana, que estava sentada no seu lugar, ao fundo da sala. Lucas estava em pé, na carteira à frente de Ana, e, quando Nina passou por ali, meio que derrapou, se chocando com ele, que a segurou. Foi apenas um segundo, mas Marina gostou da situação.

- Ops, desculpa! – disse Nina à Lucas.

- Não foi nada. – respondeu ele, sorrindo.

Marina corou e sorriu, e se virou para falar com Ana.

- Adivinha quem acabou de passar por mim? – perguntou Marina, eufórica.

- Quem??? – disse Ana, curiosa.

- Aquele deus grego do 3º ano! Me assopra! Ele é muito lindo.... – contou Nina, se derretendo.

Elas continuaram comentando o menino. Marina era assim, sempre tinha alguém por quem babar! Ela estava voltando para o seu lugar, e Lucas estava indo para o dele, o que causou um novo encontro entre eles. Marina resolveu falar com ele.

- Você. – disse ela, apontando pra ele. - Lucas, certo?

- É. – respondeu ele, sem poder dizer mais alguma coisa, porque Marina o interrompeu.

- É verdade que você dá aulas de violão? – perguntou Marina, sendo totalmente direta, antes que perdesse a coragem.

- Ah, não são bem aulas, mas eu posso ensinar sim. – respondeu ele.

- Er, interessante... – disse Marina, realmente interessada.

- Então... – Lucas se mostrou interessado também.

- Onde, quando e quanto? – perguntou Nina.

- Onde você quiser, quando você quiser, quanto, depois a gente vê. – respondeu ele, sorrindo quase que maliciosamente, em um tom que deixou Nina mais à vontade.

- Huumm... legal! – respondeu Nina, no mesmo tom e também sorrindo – Depois a gente conversa então.

Lucas teria continuado a conversa, mas ele teria tempo de falar com ela de novo, e afinal, estavam no meio da aula. Marina voltou para o seu lugar, e Lucas para o dele.

A aula passou rápido, e Marina não conseguiu prestar atenção em nada, a única coisa que pensava era no rápido diálogo que acabara de ter com Lucas. Apesar de ter sido muito rápido, Marina se sentiu bem falando com ele, isso nunca acontecia quando ela estava perto de alguém com quem ela nunca havia falado. A voz de Lucas tinha um tom de brincadeira, que a deixava mais à vontade. Ela queria continuar aquela conversa. Falar com ele mais uma vez. Saber sobre ele. Uma amizade, talvez? Poderia começar assim, mas ela queria mais que isso.

Uma pessoa com quem Nina pegou bastante amizade foi Patrícia. Elas sentavam perto uma da outra, e começaram a conversar com mais freqüência. Nina estava meio que sozinha no colégio, sua amiga Laura, com quem era mais apegada, havia saído do colégio logo na primeira semana, e então ela encontrou em Patrícia uma nova amizade tão forte quanto a que tinha com Laura, apesar da diferença de tempo de cada uma.

Patrícia conhecia Lucas, eles haviam estudado juntos no ano anterior. Nina não sabia disso até que viu os dois conversando. Sem querer se intrometer, mas já se intrometendo, Nina entrou na conversa, como quem não quer nada, ela simplesmente não podia perder a chance de estar tão perto dele, ouvir a voz dele...

No final da aula, quando Nina já estava a caminho de casa, ela percebeu que Lucas estava indo na mesma direção. Ela com certeza já o teria notado indo na mesma direção que ela nos outros dias, mas ele nunca seguia aquele caminho, sempre fazia o caminho inverso. Ele estava alguns passos atrás dela, e ela diminuiu a velocidade, esperando talvez, que ele falasse com ela. E foi o que ele fez.

- Você também vai por aqui? – perguntou ele, quando começou a andar ao lado dela.

- Aham. – foi tudo que ela conseguiu dizer. A presença dele tão perto a deixava meio zonza.

- Então, e o violão, vai querer aprender? – perguntou ele, tentando fazer a conversa fluir.

- Tipo, desde que eu me entendo por gente, é o meu sonho. Só que na verdade, eu queria tocar guitarra, mas aprendendo violão... – confessou ela.

- Não é muito diferente, eu posso te ensinar. Só que agora eu ando meio sem tempo... – disse ele, meio que chateado por não ter tempo. – Mas quando eu tiver um tempo, eu falo com você.

- Claro, obrigada. – disse ela, sem jeito.

- Você tem alguma noção de como é? – perguntou ele.

- Nenhuma! – ela admitiu.

- Mas não é difícil, você aprende rápido. Assim, tem que ter vontade e disposição, e levar a sério... – ele começou a falar e falar, mas ela não estava prestando atenção nas palavras que ele dizia, e sim no interesse com que ele falava com ela, no som da sua voz, ele tão perto. Eles caminharam juntos por quase todo o caminho de volta. Lucas falando o tempo todo sobre cifras, e modelos de violão, ou de guitarra, e Nina concordava ou discordava nos momentos certos, mas não conseguia se concentrar no que ele estava falando, só nele. Quando chegou numa esquina, Lucas parou o seu discurso e disse:

- Agora eu vou por aqui. – e apontou uma rua que seguia no sentido contrário ao dela.

- Huum... eu vou por aqui. – disse Marina apontando a direção para onde ia. – então tchau. Até amanhã.

- Ah... tchau. Amanhã a gente se vê. – disse Lucas se despedindo, deu um beijo no rosto de Marina, e foi embora.

Marina ficou vermelha quando ele a beijou. Ela mal podia acreditar que tinha andado ao lado dele todo esse tempo, que ele estava interessado em ensinar a ela, que ele tinha dado um beijo nela. Ela não via a hora que chegasse o outro dia. Ver ele de novo. Poder conversar com ele... Ela ainda não sabia descrever o que sentia quando estava perto dele, mas era como se estivesse completa.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Capítulo Dois – Entre sonhos e confissões

Marina sempre teve um certo complexo de inferioridade, mas com o passar do tempo estava superando isso. Ela nunca notou nenhum garoto interessado nela, nunca pensou em si mesma como a mais bonita da sala, nunca foi a mais popular, mas suas amigas sim, essas eram sempre as mais bonitas, as mais desejadas, as mais populares. Isso a incomodava.

Ela era uma menina tímida, mas aos poucos ia ganhando segurança e se soltando cada dia mais. Esse comportamento fazia dela uma garota frágil, não fraca, ela era uma menina muito forte, não no sentido literal, mas ainda assim, frágil. Se iludia facilmente, acreditava em tudo que diziam a ela, consequentemente se machucava muito. Ela sempre estava apaixonada por alguém. Não que esse alguém soubesse disso. Mas ela sempre conservava amores platônicos, geralmente um a cada ano. Quando ela percebeu que isso era só coisa de criança, que nunca a levaria a nada, apenas a chorar por alguém que nem ao menos sabia que ela existia, ela resolveu que nunca mais ia se apaixonar, que amar alguém era só pedir pra sofrer. Ela até que tentou viver dessa nova forma, mas foi naquele dia que tudo mudou sem ela perceber.

Desde que se entendia por gente, Nina tinha o sonho de tocar guitarra. Ela ficava fascinada cada vez que ouvia o som de uma. Ela já tinha pedido uma guitarra pra sua mãe, mas a mãe sempre dava uma desculpa e nunca a comprava, e quando se falava em aprender a tocar, sempre o mesmo discurso:

- Pra quê? Você não tem uma guitarra ainda, quando eu comprar uma, eu te ponho num curso. – dizia a mãe de Nina.

E assim o tempo passava e esse dia nunca chegava.

Já era de tarde, e Nina já estava em casa, sozinha. Ela costumava passar a tarde inteira sozinha, sua irmã só saia da creche às 17h e sua mãe só chegava depois das 19h, junto com o seu padrasto. Sem nada pra fazer, e mesmo que tivesse, não estaria fazendo, Nina estava deitada em sua cama, deixando seus pensamentos rolarem. O som estava ligado num volume baixo, apenas um fundo musical, onde tocava “I miss you”, de Blink 182, uma banda que ela gostava. A primeira coisa que veio em sua cabeça foi o tal menino de vermelho. Por que ela estava pensando nele? Nem o conhecia. Mas algo nele deixava um ponto de interrogação na mente de Nina.

O dia passou sem nada de extraordinário. A maioria do tempo a mente de Nina vagava pelo campo desconhecido que era o tal menino. Ela fez o que tinha de fazer em casa, ligou um pouco o computador, depois foi buscar sua irmã na creche e se apressou na volta pra não perder o começo de Malhação. Ela era viciada em Malhação. Cuidou de Renata até que sua mãe chegou, depois voltou ao computador. Anoiteceu rápido, e Nina já não tinha mais nada o que fazer. Depois de tomar café, ela resolveu ir se deitar, afinal, tinha que acordar cedo no outro dia.

A rotina da manhã foi a mesma, e ao chegar ao colégio, Nina foi direto pra sala, pois o sinal já tinha tocado. A sala já estava quase cheia, e o lugar perto de Ana já estava ocupado pelo tal garoto que era um ponto de interrogação para Nina. Ela se sentou perto de Patrícia, com quem começou a conversar.

- Oi, você é a Patrícia, né? – perguntou Marina, pensando “Que belo jeito de começar uma conversa!”

- Sou. E você é a Marina! – disse Patrícia.

- É. Você já estudava aqui? – perguntou Marina.

- Já, só que eu estudava de tarde. – respondeu Patrícia.

- Conhece alguém daqui?

- Um pouco, tem gente que era da minha sala do ano passado. – disse Patrícia.

Elas continuaram com uma conversa sem rumos muito certos, apenas se conhecendo. A professora entrou na sala, a aula que teriam era Inglês e o nome da professora era Vanda. Era a primeira vez em que a chamada estava sendo feita, no dia anterior eles apenas assinaram uma folha de papel. Essa era a chance de Marina descobrir o nome do tal garoto. Ela estava tentando prestar o máximo de atenção, apesar das conversas na sala, e acompanhar quem respondia a cada nome chamado. Os nomes iam sendo chamados, e ele nunca respondia, até que a professora chamou: Lucas. E ele respondeu com um simples “Eu”. Então esse era o nome dele. Lucas. Ela não prestou atenção em mais nenhum nome, respondeu ao chamado do seu nome por costume. Repetia silenciosamente em sua mente: Lucas.

Ele não era o tipo “Deus Grego” por quem Marina costumava se interessar, mas também não era de se jogar fora. Era moreno, um tanto mais alto que ela, um garoto normal. Ele estava conversando com um outro menino, de quem Marina não lembrava direito o nome, Luan, ou talvez Luis, ela não prestou atenção, quando a professora interrompeu:

- Lucas, você ainda ensina a tocar violão? Meu filho queria aprender.

Ao ouvir as palavras “Lucas” e “violão” numa mesma frase, Marina se virou instantaneamente para observar Lucas. Ele respondeu:

- Sim, é só ver um horário!

Marina quase não conseguia acreditar. O menino que tanto lhe chamara a atenção seria a chave para realizar o sonho dela. Aprendendo a tocar violão, era um passo para a guitarra. Ela decidiu que falaria com ele.

Capítulo Um – A primeira impressão é a que fica?

Era pra ser um dia como qualquer outro, mas pra ela era uma nova fase. Marina, ou simplesmente Nina, como costumavam chamá-la, estava começando o Ensino Médio. O colégio era o mesmo desde quando ela estava na 5ª série, mas ela sabia que seria diferente. Nina morava com a mãe, o padrasto e a irmã de 4 anos de idade. Seus pais não chegaram a se casar, portanto ela não conviveu muito com o pai, apesar de ele morar em outro estado e eles manterem contato quase constante. Que seja, não importa.

Naquela manhã, Nina acordou bem cedo, o colégio não ficava muito longe de sua casa, na verdade era na mesma quadra, mas ela precisava de mais tempo, primeiro: porque era o primeiro dia de aula, o que significava que ela tinha que estar apresentável (ela apreciava o ditado de “a primeira impressão é a que fica”), segundo: porque além de se arrumar, ela tinha que arrumar e levar a irmã pra creche, o que demorava um tanto e a tirava do caminho da escola. Ela já estava acostumada a essa rotina, fazia isso desde os 12 anos, quando a irmã começou a freqüentar a creche.

Ela sabia que não precisava ir de uniforme no primeiro dia de aula, mas optou por ele mesmo, ela se sentia bem com ele, se sentia bonita. Olhou mais uma vez no espelho, pra ver se não tinha nada de errado, nenhum fio de cabelo fora do lugar, ou marca de pasta de dente no canto da boca, ou um brinco faltando... Era típico dela se esquecer dos detalhes quando estava nervosa. Sua mãe já tinha ido pro trabalho quando ela saiu de casa arrastando a pequena Renata, esse era o nome da sua irmã.

Nina estava muito nervosa, não sabia ao certo se encontraria suas amigas, não mantivera tanto contato nas férias, e sabia que algumas tinham planos de mudar de colégio.

Ela já estava no portão do colégio, respirou fundo e entrou. Havia muitos rostos desconhecidos, alguns conhecidos, e o melhor de tudo, as suas amigas. Nina ficou muito feliz em vê-las, primeiro viu Laura, e depois Melissa, e logo após se juntou ao grupo em que elas estavam. Nina não conversava com todos no grupo, eram só conhecidos, nem mesmo colegas. Nem deu tempo de elas conversarem direito, foram logo ver em que turma estavam. Infelizmente, Nina não estava na turma de nenhuma amiga. O sinal tocou, e ela foi pra sua sala.

Chegando lá, ela conhecia algumas poucas pessoas, a maioria amigos de amigos. Ela se sentou bem no meio na turma, pois os outros lugares já estavam quase todos ocupados. Perto dela estava Camille e Viviane, que eram do grupo “amigas de amigas”, e Nina desejou nunca ter pegado aquela sala, ela tinha aversão à Viviane, Nina a odiava pelo simples fato de ela existir. Viviane era uma garota que nem tamanho de gente tinha, e só faltava um letreiro luminoso em cima de sua cabeça dizendo: “oi, eu sou uma vagab...” Enfim, vamos pular essa parte. Além delas, também estavam perto Patrícia, Fernanda e Mily, que Nina ainda não conhecia, mas já tinha uma simpatia por elas. Mais atrás estava Ana, uma menina com ela poderia conversar, já que elas meio que se conheciam.

Nina prestava atenção em cada rosto que entrava na sala, no lugar em que cada um estava, as possíveis características de cada um, na verdade estava procurando se distrair, já que não conversara ainda com nenhuma das meninas próximas a ela. As três primeiras aulas se passaram com Nina em silêncio, apenas conhecendo os novos professores. A primeira foi de Matemática, com a Profª Raquel, ela já dava aulas no colégio, mas nunca havia sido professora de Nina. A segunda foi de Física, o professor parecia saber muito, mas não tinha voz ativa com a turma, seu nome era Airton. E a terceira aula fora Geografia, com uma antiga professora do Colégio Dom Bosco, que fora professora de História de Nina na 5ª série, se chamava Aramilda.

Durante o intervalo, Nina pode conversar com as suas amigas.

- Me conta, pegou a sala de alguém conhecido? – perguntou Nina à Laura.

- Ah... de alguns e você? – respondeu Laura.

- Ui, peguei a sala da “Vivi”! – disse Nina com nojo – e também da Camille, da Ana... mas tem um monte de gente que eu não conheço, tô totalmente sozinha! Bem que você poderia mudar pra minha sala, né?

Nina gostava muito de Laura, elas eram como melhores amigas, pelo menos até antes das férias, quando elas não se falaram tanto.

- Se tivesse jeito, mas não dá. Mas hoje foi só o primeiro dia, você já arranja com quem conversar. Por que você não conversa com a Ana? Ela é bem legal...

- É, pode ser. Não vi se tinha alguém sentado perto dela, mas acho que vou ficar por lá....

Elas continuaram conversando e foram andar. Desde sempre elas tinham a mania de ficar andando pelo colégio durante o intervalo. Voltas e voltas e mais voltas, enganchadas pelos braços. Não demorou muito e o sinal tocou novamente. Nina se despediu de Laura e foi para a sua sala.

Os alunos ainda não tinham entrado todos na sala, e Nina se sentou atrás de Ana, que aparentemente não tinha ninguém ali.

- Oi Ana! – saudou Nina.

- Oi! Você é amiga da Dani, né? – respondeu Ana.

- Aham, posso ficar aqui com você? É que ali no meio eu tava muito sozinha, e você eu meio que já conheço... – pediu Nina.

- Claro, senta ai! O quê que você achou da sala? – perguntou Ana.

- Ah, sei lá... não conheço quase ninguém. – disse Nina, meio sem jeito.

- Eu também não! – disse Ana, sorrindo – Achou algum menino bonitinho?

- Nem, essa sala tá meio necessitada de meninos bonitos... olha em volta nenhum que preste! – respondeu Nina, com humor em sua voz.

- Verdade! – concordou Ana.

Nesse momento a sala já estava ficando cheia, e a Profª Mariene, de biologia tinha acabado de entrar na sala. Logo atrás dela entraram dois garotos que Nina não tinha notado nas primeiras aulas, talvez porque eles estivessem sentados muito no fundo, mas agora que era ela que estava no fundo ela os viu, e um deles estava vindo na sua direção. Nina perguntou à Ana:

- Tinha alguém sentando aqui?

- Ai, tinha esquecido, o menino de vermelho.

O tal menino de vermelho parou na mesa de Nina.

- Licença? – disse ele.

- Posso ficar aqui? Só agora, depois a gente troca! – pediu Nina, com um tom super apelativo.

- Tá bom. – respondeu ele, e saiu pra sentar num lugar que tava vazio mais à frente.

Aquela foi a primeira vez que Nina o tinha visto, mas ela sentiu que aquele garoto tinha alguma coisa que chamava a sua atenção. O menino de vermelho. Foi assim que Ana o chamou. Ela também não o conhecia. Ele usava a calça do uniforme do colégio, um boné e um moletom vermelho. Simples, mas característico, vermelho chama a atenção. Mas não fora a cor do seu moletom que prendera a atenção de Nina. Havia algo mais. Quem era ele? Quantos anos tinha? Ele parecia ser repetente. Mas ela não sabia nada sobre ele. Ainda. Mas queria descobrir.

Apresentação

"Mais que a vida" é uma história baseada em fatos reais e se passa na cidade de Curitiba/PR. Marina, ou simplesmente Nina, é uma menina de 14 anos que acaba de entrar no Ensino Médio. Apesar da pouca idade, ela já tinha tido desilusões demais com amores não correspondidos, e decidiu nunca mais se apaixonar. Mas nem tudo aconteceu como ela planejou.
Essa é uma história que ainda não tem final, pois ela ainda não acabou, mas você vai saber como tudo começou e como está até o presente momento. Um final feliz? Quem sabe... o final não pertence a mim, mas sim a ele, a quem Marina ama mais que a vida.

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Bom, me chamo Nicole, tenho dezesseis anos e essa a história que pretendo contar. Os personagens principais são fictícios, mas representam pessoas reais. Um amor incondicional, puro, que é iludido por falsas esperanças, e que faz sofrer. O medo de se envolver. O desejo de amar. A loucura da rejeição. Uma dupla personalidade. O que um beijo pode fazer a alguém? Mudar todo o seu destino. Prometo que será uma história emocionante... O primeiro capítulo eu posto em seguida.
Espero que gostem. Obrigada!
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"Memórias de um passado que não é real."