terça-feira, 19 de maio de 2009

Desculpem.

Eu vou ficar um tempo sem postar.
Prometo que volto.
Não tenho nada descente pra escrever pra vocês.
Não agora.
Sem mais, não me esqueçam.

- Lembrar é fácil para quem tem memória, esquecer é difícil para quem tem coração.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Capítulo Doze - Cicatriz

Na maioria do tempo em que estavam relativamente juntos, Lucas e Marina pouco se falavam. Às vezes isso era bom, às vezes não. Mas também havia as vezes em que Lucas tentava se aproximar dela, mas ela tinha muito medo de voltar a se envolver, porque coincidentemente isso sempre acontecia quando ela estava conseguindo não pensar tanto nele, e ela sabia que, se caso retribuísse de imediato às investidas de Lucas, certamente o dia seguinte não seria um bom dia, que ele não daria a mínima atenção a ela, que só seria mais um dia triste. Talvez ela só estivesse sofrendo por antecedência, mas ele estava sempre tão perto e tão longe, e experiências passadas deixavam bem claro como ele agiria.

Lucas estava muito desleixado com os estudos nos últimos dias, sempre faltando às aulas, e quando comparecia ao colégio, não entrava em nenhuma aula, andava esquisito. Marina não gostava de vê-lo assim, ela se preocupava com ele, sabia que agindo assim poderia perder o ano, o que não era nada bom pra, já que era repetente, mas ele nunca levava a sério as preocupações dela, quando, ocasionalmente ela falava algo sobre isso.

Certa vez, durante um intervalo, Marina e Patrícia estavam andando juntas pelo pátio do colégio, como de costume. Lucas estava com alguns amigos na quadra, só havia comparecido à primeira aula daquele dia, e não pretendia entrar nas duas últimas, que eram ambas de Português. O sinal havia tocado, e os alunos tinham um tempo de cinco minutos de tolerância para entrar nas salas. Estava um grande tumulto de alunos nos corredores, e Marina e Patrícia estavam perto da entrada do prédio A, que ficava no extremo inverso do prédio onde era a sala delas, que ficava no prédio D, logo teriam que passar por todos os alunos, seguindo em uma quase ‘contramão’. Patrícia, para se apressar, segurou Marina pelo braço e foi na frente, passando por entre os alunos, e puxando Marina consigo. De repente, Marina chocou-se com um garoto que passava no mesmo momento em que Patrícia a puxou, o que a fez se desequilibrar e cair ao chão, machucando as mãos.

Patrícia ajudou-a a se levantar e foram até a cozinha do colégio, onde Marina lavou as mãos enquanto Patrícia pedia para a senhora que cuidava da cozinha uma pedra de gelo. Já havia se passado dez minutos desde que o sinal batera logo elas não poderiam entrar na sala. Elas saíram da cozinha, caminhando em direção à quadra do colégio, que era o único lugar onde elas poderiam ficar, já que não haviam avisado nem a professora nem a nenhuma pedagoga o motivo pelo qual não haviam entrado na sala. Marina segurava o gelo junto ao corte que havia feito em sua mão direita, próximo ao polegar, não adiantava muito, mas pelo menos amenizava a dor.

Entraram distraidamente na quadra, onde várias turmas estavam tendo educação física. Passaram pela primeira quadra, e estavam indo sentar-se à grama que dividia as duas quadras que ali ficavam. Marina não estava muito contente com a idéia de estar fora da sala durante uma aula, com todo o seu material dentro da sala, e se deu conta que estaria perdendo duas aulas, considerando que eram as duas da mesma disciplina, e certamente não as deixariam entrar. Essa sua preocupação se amenizou, assim que chegaram à grama, e viram, no canto esquerdo da quadra, sentado em um banco improvisado, com mais um colega de sua turma, Lucas, que como Nina já imaginava, não havia entrado na sala. Ela e Patrícia foram lá com eles, Lucas e Eduardo. Lucas estranhou vê-las fora de sala e perguntou:

- Vocês aqui? A professora não veio?

- Não, ela ta lá na sala, é que a gente não entrou. – Patrícia respondeu.

- Por quê?

- É que, sabe, eu derrubei a Marina! – Patrícia disse rindo, e apontando para Marina, que ainda segurava a pedra de gelo sobre o corte.

- Nossa! Como você conseguiu isso? – Lucas perguntou, divertido com a cena.

- Não é muito difícil, ela é uma pessoa bem equilibrada, sabe? – eles riram. – Brincadeira, a gente tava indo pra sala, eu puxei o braço dela e ela caiu e cortou a mão. Daí a gente foi lá lavar a mão dela e pegar esse gelo, e não deu mais tempo de entrar na aula.

- Que feio, ficando fora da sala! – Lucas zombou.

- Olha só quem fala! – Marina retrucou.

- É, faz parte. – Lucas tentou se defender.

- A gente pode ficar aqui com você, Lucas? – Patrícia perguntou, sorrindo maliciosamente para Marina.

- Meu Deus, o Lucas tem mel! – Eduardo disse, olhando para as meninas e, esfregando a mão no braço de Lucas, continuou – Me dá um pouco desse mel, cara!

- Sai cara! – Lucas se afastou, brincando.

- Ai gente, ela machucou a mão. Vem aqui, senta aqui do meu lado que eu cuido da sua mão pra você! – disse Eduardo, batendo a mão no espaço vazio ao seu lado, convidando Marina. Ela fez uma cara de medo e deu um passo pra trás, brincando. Lucas se levantou.

- Não é assim que se chega numa menina, Eduardo, é assim ó. – Lucas foi andando até Marina, a cada passo que ele dava em direção a ela, ela dava um passo para trás, até que alcançou a grama, andando de costas, e não podia mais sequer dar um passo, pois havia um grande degrau. Foi onde Lucas continuou em direção a ela, e aproximou bem os seus rostos. Marina ficou sem reação, um pouco assustada, um pouco admirada, mas olhando em seus olhos, involuntariamente foi para trás e Lucas segurou em seu braço para que não caísse, o que os aproximou um pouco mais. Ele a puxou pra perto e a soltou, voltando a se sentar ao lado de seu amigo.

- Viu como é que faz? – perguntou ele a Eduardo.

- Tenho muito que aprender com você ainda! – zombou ele.

“Mais uma dessa e eu tenho um infarto!”, pensou Marina. O corte na mão dela deixou uma cicatriz, que não é só a lembrança de mais uma queda, mas também é a lembrança de uma situação um tanto quanto divertida que ela viveu com Lucas.

A professora Ge, de Português, não deixou passar em branco a ausência de Lucas e Eduardo, bem como a de Marina e Patrícia, o que era uma novidade, já que elas nunca haviam ficado fora de sala, e comunicou à inspetora, pedindo que os achasse e levasse à coordenação. Joana, a inspetora, logo apareceu na quadra chamando por eles, e os levou à coordenação, como a professora havia pedido. A pedagoga, Luisa, era bem compreensiva, e as meninas lhe explicaram o porquê de não estarem na sala, e mesmo questionando o fato de Patrícia não ser nenhuma médica e Marina não estar mutilada, aconselhou que entrassem na sala assim que tocasse o sinal para o início da última aula, caso a professora não deixasse, ela conversaria pessoalmente com ela. Já com Lucas e Eduardo foi diferente, pelo fato de eles estarem sempre faltando às aulas, e pediu que eles a esperassem, enquanto ela levava as meninas à sua sala, pois teriam uma séria conversa. Marina ficou preocupada com Lucas ao ouvir isso.



"Se não fossem vocês, certeza que eu já teria parado de escrever há muito tempo. É o carinho e a atenção de vocês que me faz continuar. Não está sendo fácil, mas eu vou continuar e no final vocês vão saber e vão entender como é difícil pra mim estar escrevendo cada linha por vocês lida. Muito obrigada mesmo. E comentem! Quarta-feira que vem tem mais um capítulo. Beijos!"



- Memórias de um passado que não é real. (♪)