quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pequeno resumo antes da mudança do ponto de vista.

Capítulo Quatorze - Pequenos Detalhes

Naquele final de semana Marina ficou só em casa, e não viu Lucas outra vez. Na segunda-feira, no colégio, ele a ignorou completamente. As amigas dela perguntavam o que havia acontecido, e por que ela parecia tão triste. Ela explicou o que aconteceu, e disse que não sabia se havia agido certo. No final da última aula, um pouco antes de o sinal tocar, ela escreveu um bilhete para Lucas, que dizia: “Te devo alguma coisa?”, e entregou na mão dele, assim que bateu o sinal e ele passou pela carteira dela.
Ele apenas pegou o papel e o guardou no bolso, sem nem ao menos ler. No caminho para casa, Marina viu que Lucas estava indo com seus amigos alguns passos à frente. Ela reduziu seu ritmo, para não alcançá-lo. Mas mesmo assim, ele a viu e disse num tom alto: “Não”. Ela entendeu que era a resposta do seu bilhete. Logo o arrependimento por não ter cedido ao pedido dele a alcançou.
Ao chegar em casa, a única coisa que soube fazer foi chorar. Marina sabia que o que ela sentia por Lucas era diferente de qualquer sentimento que ela já havia tido antes por qualquer outro menino, era intenso, incondicional. Por mais que ela soubesse que ele não sentia o mesmo, ela não tinha forças pra lutar contra isso. Ela tentou ficar longe dele, mas isso era impossível. Então decidiu que poderia conviver somente com a sua amizade, e foi isso que ela fez, se tornou uma grande amiga dele. Mas, em todas as vezes que o via ou que estavam juntos, não era como amigo que ela pensava nele. A “Marina Amiga” foi um personagem criado por ela para suportar a dor de não poder tê-lo junto de si. Isso foi muito difícil, pois Lucas ainda a provocava, mas inconscientemente.
Tinham vezes em que ele a abraçava como não fazia com nenhuma outra amiga, ou ia tão irresistivelmente lindo para o colégio, que ela não conseguia prestar atenção em nenhuma aula. Como no dia em que tinham que assistir ao filme “10 coisas que eu odeio em você” para a aula de Inglês. A professora havia levado a turma para a sala de vídeo, e Lucas se sentou ao lado dela e deitou a cabeça em seu ombro. Por um momento Marina se esqueceu de seu personagem, e apenas apreciou aquela sensação que poderia jamais se repetir.
Também ouve o dia em fazia muito frio em Curitiba, e enquanto estavam na sala de artes, Marina tentou chamar Lucas, que estava sentado um pouco longe, na sua frente à direita, para que ele lhe emprestasse uma de suas 5 blusas que usava, pois ela estava com frio. Ela o chamava baixinho, para não chamar a atenção do professor, e ele não ouvia. Até que ela o chamou um oitavo mais alto, e ele virou instantaneamente e disse mais alto que a voz do professor: “Fala, minha linda”. Ela ficou se assustou e ficou vermelha de vergonha, pois todos na sala estavam olhando para ela e fazendo ‘uhhh’ e ‘ohhh’, e também nem imaginou mil coisas sobre o sentido que teria aquela simples frase.
Situações como essas ocorriam quase que todo o tempo, o que tornava ainda mais difícil para ela esquecê-lo. Mas as piores partes foram as que ela via Lucas conversando e paquerando (e sendo paquerado) por outras meninas. Ficava claro em seu rosto o quão triste ela ficava quando via isso. Mas ela simplesmente não podia impedi-lo e ele apenas a tratava como uma amiga.