terça-feira, 14 de abril de 2009

Capítulo Nove - Nada a não ser

Já era de manhã, mas ainda um pouco antes do horário que ela costumava acordar, ela permaneceu na cama, olhando as sombras que a fraca luz da aurora deixava em seu teto através da persiana. Marina pensava em como a vida dela havia mudado desde que conheceu Lucas, e em como havia mudado ainda mais depois da última quinta-feira. Todas as promessas que ela havia feito a si mesma em relação a se apaixonar já não tinham mais validade, mas ela ainda sentia medo. Medo de gostar de mais, medo de não ser correspondida, medo de fazer algo errado, medo de sofrer. Mas nenhum desses medos superava o que ela estava sentindo por Lucas. Ele era um garoto totalmente diferente de todos que ela já havia convivido, em todos os sentidos possíveis. Ela nunca sabia o que esperar dele, o que a fazia sempre querer estar perto dele e compartilhar de cada reação dele, por mais que isso, muitas vezes, a machucasse.

Não passou muito tempo, e Amélia, mãe de Marina entrou no quarto.

- Nina? Filha, hora de levantar. – Amélia chamou.

- Ta bom mãe, já vou.

Marina se levantou, e acendeu a luz do quarto. Andou até o guarda-roupa e abriu a gaveta onde ficava guardado o seu uniforme, o vestiu, e ligou a TV e o DVD. Colocou um cd, num volume baixo pelo fato de ainda ser muito cedo, e ficou ouvindo enquanto terminava de se arrumar. Ela ouvia “Um minuto para o fim do mundo”, de Cpm22, e depois algumas outras músicas da mesma banda. Nina terminou de se arrumar, e foi ver se tinha alguma lição pra fazer – por mais que ela fosse uma boa aluna, dificilmente tocava em seus materiais do colégio nos finas de semana. Sua mãe lhe chamou para que arrumasse Renata, pois já estava quase na hora de as duas saírem. Elas esperaram alguns minutos até dar 7h, e saíram.

Nina deixou Renata na creche, e no caminho para o colégio, Nina viu Lucas, indo alguns metros à frente. Ela sabia que mesmo andando rápido, não o alcançaria então ela continuou a andar em seu ritmo normal, e tentando adivinhar como ele estaria hoje: o Lucas que gosta dela ou Lucas que não gosta. Não demorou muito para que ela chegasse ao colégio, e logo encontrou Patrícia, que estava junto de algumas colegas. Nina sabia que Lucas já deveria ter chego, mas não o viu. Talvez ele estivesse em algum outro lugar do colégio, ela que não ia ficar procurando. O sinal tocou, e elas foram para a sala. Quando Nina entrou, viu que Lucas já estava lá, e não se deu ao trabalho de ir cumprimentá-lo, ela não sabia qual era o Lucas de hoje. Ele fez o mesmo. A aula começou, e passou rápido, assim como todas as outras aulas daquela manhã. No intervalo Nina e Patrícia fizeram o de sempre, ficaram andando pelo colégio, só que dessa vez, Lucas não estava em lugar nenhum. Marina até arriscou alguns olhares a sua procura, mas nada.

- Tá procurando o Lucas? – perguntou Patrícia.

- Talvez. – Nina respondeu, abaixando a cabeça.

- Vocês não conversaram mais?

- Não, ele nem fala mais comigo. A gente se viu ontem, mas foi só, não pude falar com ele, eu tava com a minha mãe... E, sei lá, ele é esquisito.

- Isso é, mas ele é muito legal. Você gosta dele, né?

- Preciso confirmar?

- É.... Não! Ta escrito na sua testa, em letras grandes e luminosas!

- Então por que que ele ainda não viu isso? Não custa nada ele falar comigo, dar ao menos um oi. Antes ele falava normal comigo, a gente conversava, ficava junto... E agora nada. Eu não entendo.

- Calma Nina, ele é assim mesmo, doidinho da silva!

- E eu sou uma retardada! Olha só no que eu fui me meter. Tinha que ser eu mesmo....

- É, só você mesmo Nina.

A conversa com Patrícia não ajudou em muita coisa, e Nina estava cada vez mais aflita, com mais medo do que poderia virar esse tal amor que ela sentia, que com apenas um gesto já a fez relembrar as suas antigas recordações de como eram os seus “amores”.

Mais tarde, já em sua casa, Marina tentava não pensar em Lucas, uma tarefa quase impossível, enquanto colocava as coisas em ordem: arrumava o seu quarto, lavava a louça, ouvia música, e qualquer outra coisa do gênero. Depois de terminar os afazeres, ela foi tomar um banho, pra relaxar um pouco. Durante o banho, ela decidiu que não correria atrás de Lucas, e iria apenas observar como ele estaria essa semana, quem ele seria a cada dia. As mudanças de humor e as atitudes contraditórias dele estavam deixando-a louca, ela precisava tentar entender o que acontecia com ele, precisava tentar conhecer quem era o Lucas por quem ela se apaixonou.

Marina novamente demorou mais que o tempo necessário, e quando olhou no relógio se assustou, pois já havia passado do horário de buscar Renata na creche. Ela apressou em se arrumar, e andou rápido até a creche. Por incrível que pareça, enquanto ela caminhava, não pensava em Lucas, apesar de saber que ele passava por ali todos os dias e que poderia encontrá-lo a qualquer momento – o que não aconteceu. O resto do dia de Marina foi monótono como sempre, ela foi dormir cedo, determinada a cumprir o que havia dito mais cedo: que essa semana apenas observaria Lucas, e quanto antes ela se desiludisse, mais fácil seria afastar-se dele. Ou não.

Os dois dias que seguiram, fizeram Marina acreditar que existisse apenas um Lucas, e infelizmente, era o que não gostava dela. Ele agiu de forma indiferente com ela, não falava mais com Patrícia, e isolava-se do grupo com que costumava estar. Parecia estar evitando a tudo e a todos, parecia querer fugir do mundo. Marina se desencantou um pouco com as atitudes de Lucas, ela estava magoada, talvez ficar longe dele fizesse bem a ela. Mas ele estava sempre tão perto, e tão longe.

Na quinta-feira daquela semana, Nina estava indo para casa com Andressa, depois de mais uma manhã sem novidades no colégio, e elas estavam conversando sobre qualquer assunto aleatório – uma prova ou algum trabalho – quando Andressa lhe perguntou sobre Lucas:

- E o menino lá, o Lucas, não falou mais ele?

- Não.

- Por quê?

- Ah, aconteceram algumas coisas, ou melhor, não aconteceram.... – Marina interrompeu sua frase ao sentir alguém segurando a sua mão. Ela olhou por impulso para a própria mão e foi subindo o olhar até que encontrou o sorriso perfeito de Lucas. Ela se assustou, e rapidamente voltou a falar com Andressa:

- Depois eu te falo, não dá pra falar agora.

Andressa ainda não tinha notado a presença de Lucas ao lado de Marina, e não entendeu o porquê de ela não poder falar.

- Fala menina!

- Não dá! – Marina sussurrou.

- Mas...

Marina inclinou o rosto levemente para Lucas, que estava caminhando quieto ao seu lado, e Andressa o viu. Ela logo entendeu o motivo por que Marina não podia continuar aquela conversa, e disfarçou para deixá-los sozinhos.

- Marina! Acabei de lembrar que eu tenho que falar urgente com a Camille, e ela tá lá atrás, depois a gente conversa.

- Depois a gente se fala. – Nina concordou.

Agora era só ela e Lucas andando de mãos dadas pelo mesmo caminho que há exatamente uma semana caminharam, que resultou no capítulo seis dessa história. Só que dessa vez a situação era diferente. “O que será que deu nesse menino? A semana inteira me ignorando, e agora de mãos dadas comigo? Ele está pensando que é quem? Que pode chegar quando quer e fizer o que der na telha? Não mesmo! Comigo não.” pensou Marina enquanto tentava sutilmente soltar a sua mão da dele. Lucas assim que percebeu que ela estava tentando se afastar, a segurou mais forte, o que a deixou irritada, e começou a conversar com ela.

- Tudo bem Nina?

- Poderia estar melhor. – Ela respondeu séria, de um jeito quase grosseiro.

- Nossa! Alguma coisa haver comigo? – ele agia naturalmente, como se estivesse com ela o tempo todo, e isso cada vez a irritava mais.

- Imagine. – ela usou um tom um tanto quanto sarcástico ao pronunciar essa frase.

Alguém alguns metros atrás chamou por Lucas, provavelmente algum amigo dele, e ele parou e se virou para ver quem era. Nina aproveitou essa pausa e se soltou dele, e continuou andando um pouco mais rápido, sem esperá-lo. “Como ele tem coragem de vir falar comigo como se nada tivesse acontecido? E ainda andar de mãos dadas. Mãos dadas! Era só o que me faltava... E piro do que isso é saber que apesar de todas essas esquisitices, eu gosto dele. Não tenho jeito mesmo!” ela pensava enquanto se distanciava de Lucas. Ele, ao terminar de falar com seu amigo, e perceber que Nina não havia o esperado, olhou em volta, procurando-a. Ela estava alguns passos à frente, e ele apressou-se para alcançá-la. Ela não olhava para trás, e quando ele chegou bem perto dela, ele a puxou por umas cordinhas que havia na mochila dela, fazendo-a parar bruscamente. Ele conseguiu irritá-la ainda mais. Ela parou e virou-se para ele, fazendo cara feia. Ele soltou as cordinhas e segurou em seu braço, dizendo:

- Ei, você não vai me esperar?

Ela apenas lhe lançou um olhar de desaprovação, deixando ainda mais claro o quanto ele estava irritando-a. Ele apenas soltou o braço dela e continuou caminhado ao lado dela, mas dessa vez, sem segurar em sua mão. Ele tentou conversar com ela, mas ela não estava muito comunicativa, pelo menos não com ele. Ele tentou falar sobre as aulas do colégio, também sobre as possíveis aulas de guitarra que ele daria a ela, voltando a falar que estava sem tempo, que estava trabalhando e etc., mas ela apenas assentia com a cabeça e passou todo o trajeto olhando para o chão. Ela gostava de estar perto dele, mas também não podia deixar que ele agisse como quisesse com ela, não era certo.

Finalmente chegou o ponto onde os dois se despediriam. Lucas parou e Nina continuou andando, as ele a segurou pelo braço, fazendo-a virar e olhar para ele.

- Então tchau. – ele se inclinou para beijar os lábios dela novamente, e ela virou o rosto. Ele deu um leve beijo em seu rosto. – Tchau Nina, até depois.

- Tchau. – ela respondeu friamente. Ela não gostava de tratá-lo assim, pois na verdade sua vontade era de beijá-lo, mas ela não podia. Não depois dessa semana tão estranha. Ela não podia deixá-lo fazer o que quisesse quando quisesse. O que ele pensaria dela? Que era só mais uma menina fácil que ele podia ter quando bem entendesse? Não, não seria assim.



"Eu disse que postaria na quarta-feira, no caso amanhã, mas consegui adiantar esse capítulo e resolvi postar hoje mesmo. E me surpreendi quando vi que esse foi o meu maior capítulo. Ok, ele não é muito grande, mas ficou bem acima da minha média, que é de 1000 palavras por capítulo, e esse teve 1800! Já é um avanço! ;) Antes desse, o maior tinha 1600 (Capítulo Seis - Dois sorisos e meia palavra). Enfim, chega de nhenhenhem. Volto a postar na quarta-feira que vem, continuem comentando [pelamordiDeus, comentem!] opinem, critiquem, sugiram, chinguem, façam o que for, mas partcipem ativamente aqui, ok? E já que eu falei em participar.... Como assim? Você ainda não faz parte da comunidade de Mais que a Vida? Tá esperando o quê? orkut - Mais que a Vida . Obrigada, de coração! Cada um de vocês é estremamente importante aqui pra mim! Beeijos!"



- Memórias de um passado que não é real. (♪)

7 comentários:

  1. adorei o capitulo!!!!
    ai só em pensa que vou ter que esperar até quinta que vem pra saber o que vai acontecer ja tenho um ataque cardiaco...
    muito boa continua escrevendo sempre...

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  2. Ai será que eu sobrevivo até a proxima quarta-feira???

    Capitulo super...hiper...mega perfeito

    *-*

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  3. Cara se eu fosse ela tinha perguntado logo para ele o que havia de errado! Sei lá, vai ve o garoto ta cheio de problemas... oO Ta deixa pra la. O capitulo ta otimo (apesar dela não ter perguntado queal o problema dele/mas eu não sou ela então daixa pra la). Anciosa para quarta *-*
    Beijooo

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  4. caara, ele só pode sofrer de pesonalidades multiplas, QUE ISSO, SHAOSHASIHAOISH
    muuito legal,
    noffa so de pensar em ter que esperar atee semana que vem ;(

    beeijos :*

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  5. você sabe que eu não aguento esperar até quarta, você sabe. posta no final de semana nicooole :D


    http://agarotaatrasdaportaazul.blogspot.com/

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  6. você sabe que eu não aguento esperar até quarta, você sabe. posta no final de semana nicooole :D [2]

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  7. aii gente, só se eu conseguir fazer um capítulo descente tipo, PRA ONTEM! Eh queee.... talvez eu vou viajar hoje de noite, e só volto terça! ;D

    não prometo nada, mas vou tentar!
    beijos, Ni.

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